Diante
da porta de entrada da sala de atividades na creche, mães ansiosas, carregam em
seus braços os filhos que serão recebidos pela primeira vez. O colo se transforma no lugar mais seguro, intransponível... Bracinhos se tornam
fortes entrelaçados no pescoço daquela que o gerou.
O
primeiro contato da mãe com o ambiente em que seus filhos vão passar 10 horas
diárias pode ser frustrante, pois muitas creches não oferecem um ambiente acolhedor
para os responsáveis e muito menos para as crianças.
Do
outro lado, também diante da porta de entrada, educadores se preparam para receber
as crianças. A ansiedade não é menor para aquele que tem anos de experiência em
educação infantil ou para quem está experimentando pela primeira vez esse
contato. Ouvindo ao longe o choro das crianças, em alguns minutos são esquecidos
diplomas, títulos, experiências anteriores e todas as técnicas aprendidas em
anos de formação...
“As escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor do que de
conteúdos e técnicas educativas. Elas têm contribuído em demasia para a
construção de neuróticos por não entenderem de amor, de sonhos, de fantasias,
de símbolos e de dores”. (Saltini apud Krueger, s.a, p.1)
A
porta é aberta.
Educadores
tomam em seus braços as crianças que oferecem menos resistência. Palavras de
conforto, afagos, mil promessas e alguns brinquedos fazem parte do acolhimento.
Em sua
teoria Vygostsky destaca a importância das ligações entre a afetiva e
cognitiva, em relação ao funcionamento do psicológico humano.
A infância é um período em que a criança vive um processo de
adaptação progressiva ao meio físico e social. Nesse momento, dá-se um
rompimento da vida familiar da criança para iniciar-se uma nova experiência.
Dessa forma, para que a criança tenha um desenvolvimento saudável em todos os
aspetos – cognitivo, biológico, cognitivo e sócio-afetivo – é necessário que
ela se sinta segura e acolhida. O ambiente o qual a criança será submetida,
seja ele qual for, deverá proporcionar relações interpessoais positivas e os
educadores devem buscar uma abordagem integrada, enxergando a criança em sua
totalidade.
A serenidade e a paciência do educador mesmo em situações difíceis fazem
parte da paz que a criança necessita. Observar a ansiedade, a perda de controle
e a instabilidade de humor, vai assegurar à criança ser o continente de seus
próprios conflitos e raivas, sem explodir, elaborando-os sozinha ou em conjunto
com o educador. A serenidade faz parte do conjunto de sensações e percepções
que garantem a elaboração de nossas raivas e conflitos. Ela conduz ao
conhecimento do si – mesmo, tanto do educador quando da criança (SALTINI, 1997,
p. 91).
Alguns
minutos de choro são misturados a uma canção suave cantada pelo educador e
assim o ambiente vai tornando-se mais calmo. As crianças olham ao redor procurando
algo que possam se apegar, às vezes, um paninho, uma chupeta ou um brinquedo
qualquer, algo que se pareça com o que ficou em sua casa. Por fim fazem suas
escolhas.
Tarefa
difícil é como educadores não fazermos as nossas escolhas diante de carinhas
com olhares “pidões” carentes de afeto.
Para Lima (1994, p.44) baseado na teoria de Piaget, “um professor deve
deixar transparecer uma afetividade igual por todas as crianças, suas
preferências não devem ser manifestadas em sala”.
Compreender a criança não é difícil quando a vemos como criança e não
como adulto em miniatura. Respeitar suas diferenças e limitações é fundamental.
Todas tem seu próprio tempo para se desenvolverem e aceitar as mudanças que o
crescimento traz. Os educadores e pais devem estar atentos para perceber quando
é tempo de mudanças para não forçar a criança a tormentos diários. Toda mudança
é difícil, mas pode ser prazerosa.
Os primeiros dias na creche podem ser entendidos como momentos de
descobertas, para as crianças, para educadores e responsáveis.
Denúncia? Ah! Eu denuncio um amor incondicional entre
educadores e alunos.
Escrevi esse texto para homenagear professores, educadores, agente auxiliar de creche, recreadores, enfim, tantas nomenclaturas, mas um só significado: Mestre. Não trabalhamos por amor e sim com amor.
Escrevi esse texto para homenagear professores, educadores, agente auxiliar de creche, recreadores, enfim, tantas nomenclaturas, mas um só significado: Mestre. Não trabalhamos por amor e sim com amor.