Recordar é viver!

"Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já se passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas passadas de fazer balance, de se remexerem dos lugares. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos; uns com os outros acho que nem se misturam... Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo coisas de rasa importância. Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras de recente data. Toda saudade é uma espécie de velhice. Talvez, então, a melhor coisa seria contar a infância não como um filme em que a vida acontece no tempo, uma coisa depois da outra, na ordem certa,sendo essa conexão que lhe dá sentido, princípio, meio e fim, mas como um álbum de retratos,cada um completo em si mesmo, cada um contendo o sentido inteiro. Talvez seja esse o jeito de escrever sobre a alma em cuja memória se encontram as coisas eternas, que permanecem..."Guimarães Rosa. Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança, como diz a palavra do Senhor, em Lamentações 3: 21. Desejo que minhas postagem tragam ânimo. “Sem memória, hoje, nossa civilização caminha desnorteada, pois não conhece seu passado, não tem consciência em seu presente, e não projeta perspectiva no futuro”.

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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

IV Troca de Experiências Bem Sucedidas em Educação Infantil



 Relato de experiência publicado no livro:
 IV Troca de Experiências Bem-Sucedidas em Educação Infantil  2006 
Prefeitura do Rio de Janeiro
Quem sou eu?
Educar é acreditar que a mudança é possível.”      
 Paulo Freire (1999)



Na foto, crianças do berçário I  e as educadoras responsáveis pelo projeto: Ana Lúcia, Rosângela Reis, Michele Cristina e Márcia Aragão.

      O ano letivo de 2006 começou e demos início ao período de acolhimento e trocas entre família, criança, educador e instituição.  Nós, educadoras do Berçário I, sabíamos que tínhamos muito a aprender com essa situação nova, pois na maioria dos casos, era  a primeira vez que os bebês frequentavam um ambiente diferente do meio familiar. Isso valia tanto para as famílias quanto para a própria creche que, juntas, compartilhavam a responsabilidade de cuidar da criança pequena e educá-la.
     Podemos dizer que esse primeiro contato desencadeou, no nosso grupo, inúmeros desafios, conflitos, descobertas e superações. Dia a dia, nos conhecíamos um pouco mais e sentíamos que muitos responsáveis ainda viam a creche como um lugar onde podiam “depositar” o seu filho e “sacá-lo” ao final da tarde, parafraseando uma ideia bancária, sem que desejassem participar da proposta resal da creche.  Outros não entendiam ou não atendiam as nossas solicitações e dúvidas em relação às crianças. Com outros, tínhamos dificuldade em nos aproximar. Mas decidimos aceitar esse desafio!
     A situação era difícil e desgastante. Era necessário acolher as famílias e as crianças e transformar a rotina da creche em agradáveis momentos, proporcionando alegria e prazer aos nossos pequenos, aproveitando suas experiências e o desenvolvimento de cada um.
    Passamos a observar as características particulares de cada criança, percebendo o que distinguia uma das outras. Em sala, a  educadora Márcia Aragão, passou a anotar essas particularidades e a transcrever, em versos, o que observava. Pensamos que isso pudesse auxiliar no estreitamento de laços entre o trabalho proposto pelos profissionais da creche e as famílias recém-chegadas à instituição. Resolvemos montar um painel, utilizando esses versos, o nome e a marca da mãozinha de cada criança (feita com tinta comestível). Expomos no mural próximo à entrada da creche e o intitulamos “Quem sou eu?”, com o objetivo de chamar a atenção dos responsáveis e convidá-los a participar da rotina da creche.
     Para nossa alegria, as famílias interagiam com o mural, tentavam descobrir qual criança correspondia àqueles versos, aprovaram a escrita dedicada a seus filhos e se mostraram muito orgulhosas e valorizadas. Ler cada verso se tornou uma agradável brincadeira para os responsáveis e também para os funcionários da creche. Todos tinham a oportunidade de concordar, discordar ou sugerir novos versos, a partir das descobertas que faziam a respeito de cada criança. Vínculos foram se ampliando, possibilitando proveitosas conversas e descobertas com os responsáveis.
 

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